Euza: Tempo de seguir novas canções
Tudo me era estranho. Até o gato, espreguiçando no banco e olhando o desfile da vida, não me parecia gato. Queria mesmo era tomar um copo de cólera. Seria uma reação. Há tempos ando assim, como a deixar a vida passar por mim.
Naquele momento, não foi a vida quem passou. Foi um homem. Gordo e surpreendentemente ágil. Passou correndo e seu vento me deslocou. Tropecei nas pernas e nos pensamentos. O momento passou e tudo voltou ao que era antes. Eu, parada. Solidária às pedras. Solitária na falta de inspiração. É preciso inspiração pra seguir a canção. Talvez seja preciso o deslocamento do vento para nos dar a direção. Olhando os rostos mais ou menos conhecidos fui em busca do porto. O ponto.
É prazeroso estabelecer o ponto de partida, é sábio olhar de frente o ponto final. Quase sempre estendemos o momento de escrever o The End. Nos agarramos ao que sonhamos, ao que projetamos. E arrastamos as vírgulas, enfeitamos as reticências. Tudo para fechar as cortinas como nos contos de fadas. Mas nem todo final precisa ser feliz ou parecer feliz. Às vezes ele deve ser assim: lento e silencioso e sem importância. Às vezes ele apenas marca o fim de um tempo. E pendura as lembranças por cores, tamanhos, emoções. Lembranças que, em sépia, se tornarão preciosas e perfeitas e amadas. Palimpnóia (este nome esquisito) será esta bela lembrança.
Naquele momento, não foi a vida quem passou. Foi um homem. Gordo e surpreendentemente ágil. Passou correndo e seu vento me deslocou. Tropecei nas pernas e nos pensamentos. O momento passou e tudo voltou ao que era antes. Eu, parada. Solidária às pedras. Solitária na falta de inspiração. É preciso inspiração pra seguir a canção. Talvez seja preciso o deslocamento do vento para nos dar a direção. Olhando os rostos mais ou menos conhecidos fui em busca do porto. O ponto.
É prazeroso estabelecer o ponto de partida, é sábio olhar de frente o ponto final. Quase sempre estendemos o momento de escrever o The End. Nos agarramos ao que sonhamos, ao que projetamos. E arrastamos as vírgulas, enfeitamos as reticências. Tudo para fechar as cortinas como nos contos de fadas. Mas nem todo final precisa ser feliz ou parecer feliz. Às vezes ele deve ser assim: lento e silencioso e sem importância. Às vezes ele apenas marca o fim de um tempo. E pendura as lembranças por cores, tamanhos, emoções. Lembranças que, em sépia, se tornarão preciosas e perfeitas e amadas. Palimpnóia (este nome esquisito) será esta bela lembrança.
A volta pra casa foi rápida. Nem foi preciso o copo de cólera - a gente reage quando menos espera. E toma o curso da vida. E apesar de ensaia os sorrisos. E lembra Clarice Lispector: “muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.” É tempo de seguir novas canções.