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Shirley: Shi's a lady

Um segredo tem sempre a forma de uma orelha
Nem bem ela me via e já vinha: “menina, você soube da separação da fulana? Dizem que ela trocou o marido pelo jardineiro e bla bla bla bla bla bla bla”. E haja paciência pra ouvir tudo que a criatura tinha a dizer sobre tanta gente que eu nem conhecia e, dos que eu conhecia, não tinha o menor interesse em saber dos casos cabeludos ou dos descasos carecas. Aliás, se tem uma coisa que eu não gosto nessa vida é de fofoca, que eu considero não apenas um atraso de vida, mas uma total falta do que fazer.

Dizem que a primeira fofoca aconteceu por causa de de Catarina II, cuja morte foi rondada por uma história maluca sobre um romance da imperatriz com um cavalo. A história já tem mais de 100 anos e já rodou o mundo inteiro, destruindo a reputação da moça. Ainda bem que ela morreu antes de saber o que as pessoas comentavam sobre sua morte, coitada.
Eu considero a fofoca uma espécie de vírus ou um verme, de tratamento e cura desconhecidos. E mortal. Dependendo do tamanho da língua que fofoca a desgraça é realmente grande. A língua da imprensa, por exemplo: descobriram o “nicho” e fomos, então, invadidos por uma verdadeira avalanche de revistas especializadas na arte da fofoca e do mexerico. O pior é que a desculpa não é nem um pouco esfarrapada: há demanda. E há mesmo, tem gente nesse mundo que dá um uma ponta de unha pra não entrar em uma fofoca e um braço inteiro pra não sair dela!
No dia que alguém conseguir criar um antivírus pra fofoca, das duas, uma: ou vai ficar podre de rico ou então vai cair em uma sarjeta do tamanho da língua de um fofoqueiro. É, gente, somos humanos, todos nós, e gostamos, sim, de novidades. Mas fofoca, como o próprio nome já diz, é exagero. Como assim, “o nome não diz”? Ora, é claro que diz: fo-fo-ca! Pra quê tanto “fo” – não bastava um? Bom, fofoca é isso mesmo: redundância, coisa sem a mínima necessidade ou importância.
Mas também pode ser uma arma, mortal e, na maioria das vezes, eficaz. Só não dá para esquecer de uma coisa: se um dia é do fofoqueiro, o outro pode muito bem ser de sua vítima. E haja aciclovir, e haja metronidazol.
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