Trivialmente
Os (meus) amores (im) possíveis Às vezes acordo me perguntando se é possível amar uma pessoa que não nos ama ou que ama outra pessoa, sem chegar a um acordo comigo mesmo sobre a resposta. Ou porque sou suspeito, pois existe a tendência de encontrar respostas que me satisfaçam, ou por não ficar satisfeito com a mais óbvia, que é deixar de lado um amor que apenas me trará sofrimento e desilusão.
Não creio que possamos controlar os sentimentos, muito menos o amor. Podemos até querer amar alguém que nos parece ser o retrato da pessoa que procuramos, mas isso também é impossível, pois a seta do Cupido é imprevisível e, muitas vezes, nos acerta no local e na hora errados.
Quando nosso coração elege alguém, ele não se importa se esse alguém já está amando outra pessoa, ou mesmo se nem nota a nossa presença. Parece estar enfrentando o desafio de trazer o ser eleito para o nosso lado, independente da realidade que não garante nenhuma reciprocidade aos sentimentos. Se conseguirmos sublimar e aceitar a situação, transformando essa força avassaladora em um amor platônico, que nada espera em troca, contentando-se em apenas sentir, estar próximo, apoiar, atingimos um sentimento extremamente poderoso e nobre.
Mas o tal amor platônico implica em abrir mão dos próprios desejos em favor do bem estar da pessoa eleita e essa acaba sendo a prova de fogo para os nossos sentimentos mais profundos e verdadeiros.
Já percebi que, quando estamos com a auto estima baixa, temos maior tendência a encontrar pessoas que não respondem aos nossos sinais, não se encantam conosco e, muitas vezes, nem percebem a nossa existência. Nesses casos, nos contentamos com um olhar rápido ou um sorriso vago. Com um mínimo de atenção ou com o apertar de mãos das chegadas e partidas. Na verdade, nos contentamos com pouco. Parece que não percebemos que a vida tem muito mais do que isso para nos oferecer.
Às vezes até me questiono se não escolhemos amores difíceis, muitas vezes impossíveis, por medo de acabar dando de cara com um amor forte, verdadeiro e livre.
Já fui assediado, cantado, tentado por pessoas livres e prontas para encararem relações saudáveis, mas geralmente acabo me refugiando nos amores impossíveis, que funcionam como barreiras emocionais que impedem as setas lançadas por Cupido de atingirem o meu coração. Dessa forma fico a salvo, confortavelmente tranqüilo dentro da minha solidão amorosa, quebrada vez ou outra por alguém inalcançável.
Mas uma coisa é certa nessa história toda: quando acontece de abrir a guarda e permitir a entrada na minha vida de alguém possível, todo o meu estoque de amor não utilizado deságua como um rio represado cujas barreiras são destruídas. Aí o meu amor se confunde com a paixão e, se a outra pessoa está pronta e aberta para toda essa explosão de sentimentos, o resultado acaba sendo um relacionamento forte e carregado de emoções e descobertas, onde acabamos nos fundindo em um só ser, potente, pleno, maravilhoso. Assim foram os meus poucos relacionamentos até hoje.
E entre um e outro relacionamento pleno, vivo vários amores impossíveis.
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