Conversas de um velho safado
Dia dos Namorados12 de junho era a sua data preferida. Mais do que Natal, Ano Novo ou Dia das Mães, o Dia dos Namorados simbolizava o momento de reafirmação da unidade familiar. A tradição iniciada nos tempos de namoro tornara-se ainda mais especial com a participação dos filhos, desde cinco anos atrás, quando contavam com 15 (a menina) e 16 anos (o garoto). Este ano, mais uma vez estavam todos juntos. Ela retocou o batom, com ajuda de um pequeno espelho, ajustou a touca preta e ajeitou os óculos escuros. Consciente da sua beleza madura aos 45 anos, perguntou, à espera de elogios:
- E então, como estou?
- Um show – falou o filho.
- Uma gata – confirmou a filha.
O marido não deixou por menos:
- Linda, meu amor.
- Então vamos lá.
Fazendo uma mesura, o companheiro abriu passagem:
- Faça as honras da casa.
Ela abriu a sacola, sacou a 12 cano serrado, engatilhou e disparou, estilhaçando a porta de vidro.
- Ninguém se mexe, todo mundo no chão – ordenou ao mesmo tempo em que invadia a pequena agência bancária.
Ação foi rápida. Com a ajuda de duas pistolas automáticas, o filho garantia a inércia de funcionários e clientes, esparramados no piso com a cara voltada para o chão. O marido recolhia o dinheiro dos caixas. Com o cano da carabina apontado para a cabeça calva e reluzente, ela convenceu o gerente a abrir o cofre e transferir o dinheiro à vista para uma grande bolsa preta de viagem. A filha esperava em frente, atrás do voltante do carro de fuga.
A retirada foi veloz. Uma parada previamente agendada para uma providencial troca de roupa e veículo garantiu uma tranqüila viagem de volta na van familiar. Nada mais inocente do que uma família de classe média retornando ao lar depois de um passeio por uma cidadezinha serrana.
Em casa, antes da saída apressada dos filhos (jovens, agora tinham seus amores exclusivos), o marido abriu uma garrafa de champanhe e comandou o brinde nas taças de cristal que só eram usadas naquela ocasião:
- Feliz Dia dos Namorados, meu amor.
Embevecida, ela retribuiu com um beijo.
“Que seja assim por muitos anos”, desejou em silêncio.
- E então, como estou?
- Um show – falou o filho.
- Uma gata – confirmou a filha.
O marido não deixou por menos:
- Linda, meu amor.
- Então vamos lá.
Fazendo uma mesura, o companheiro abriu passagem:
- Faça as honras da casa.
Ela abriu a sacola, sacou a 12 cano serrado, engatilhou e disparou, estilhaçando a porta de vidro.
- Ninguém se mexe, todo mundo no chão – ordenou ao mesmo tempo em que invadia a pequena agência bancária.
Ação foi rápida. Com a ajuda de duas pistolas automáticas, o filho garantia a inércia de funcionários e clientes, esparramados no piso com a cara voltada para o chão. O marido recolhia o dinheiro dos caixas. Com o cano da carabina apontado para a cabeça calva e reluzente, ela convenceu o gerente a abrir o cofre e transferir o dinheiro à vista para uma grande bolsa preta de viagem. A filha esperava em frente, atrás do voltante do carro de fuga.
A retirada foi veloz. Uma parada previamente agendada para uma providencial troca de roupa e veículo garantiu uma tranqüila viagem de volta na van familiar. Nada mais inocente do que uma família de classe média retornando ao lar depois de um passeio por uma cidadezinha serrana.
Em casa, antes da saída apressada dos filhos (jovens, agora tinham seus amores exclusivos), o marido abriu uma garrafa de champanhe e comandou o brinde nas taças de cristal que só eram usadas naquela ocasião:
- Feliz Dia dos Namorados, meu amor.
Embevecida, ela retribuiu com um beijo.
“Que seja assim por muitos anos”, desejou em silêncio.
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