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sexta-feira, 6 de março de 2009

Shi's a Lady

Bicho esquisito
Mulher é masoquista, é fato. Basta dar de cara com aquele gatíssimo-barriga-de-tanquinho que já se empolga e começa a maquinar o que fazer só para tê-lo aos seus pés – no mínimo, em sua cama; quiçá, em sua vida, até que a morte os separe, amém. Tudo começa com uma divisão mental dos itens a serem trabalhados, antes do encontro ideal.
No item 1 (extremidades), ela começa fazendo unhas dos pés e das mãos, mas só depois que um viscoso creme ser jogado sem dó nem piedade em seu rosto – para hidratar, alerta a manicure-cabelereireira-esteticista-e-amiga-de-infância. Por causa da pressa, a manicure arranca-lhe alguns bifes aqui, outras peças de picanha acolá, rumo a um resultado perfeito: todos os dedos latejam – mas as unhas, perfeitas!
Quando passa para o item 2 (poda), ela deixa que lhe depilem buço, axilas e a região púbica, transformando uma belíssima barba cubana em um bigodinho nazista. Se o telefone toca, ela não atende, com certeza é engano. Enquanto isso se deixa literalmente ter arrancados os pelos inconvenientes do corpo, como se disso dependesse o sucesso do encontro. Hoje em dia é assim mesmo: os homens querem porque querem saciar seus mais recônditos instintos pedófilos (é só eu que acho que uma púbis depilada lembra a de uma criança?) e a mulher quer porque quer ajudá-los nisso. Instinto maternal, provavelmente.
A mulher masoquista (leia-se mulher moderna) perde um tempo enorme cuidando dos cabelos, dando as fundamentais 100 e não-sei-quantas escovadelas para que ele brilhe e, por conseguinte, ela brilhe também. Este é o item 3 de sua lista de tarefas que a levarão ao tão sonhado altar. Cabelos sempre brilhantes e sedosos já é um lema entre as mulheres, não importa idade, sexo, religião ou nível de escolaridade.
Quando passa para o item 4 de sua lista (camuflagem), a mulher moderna, mas ainda casadoira, se arma de delineador, base, blush, corretivo, batom, lápis para olho, lápis para os lábios, gloss, aplicador de cílios, rímel, cílios postiços, iluminador, sombra em vários tons. Joga tudo no rosto da melhor forma possível, põe-se diante do espelho, olha, vira, ensaia um caminhar sensual e fica feliz. Ela resolve que nem o desconforto causado pela depilação anal a que foi submetida (nunca se sabe, nunca se sabe...) é capaz de lhe tirar o frio na barriga que a emoção de um encontro a dois pode trazer.
No fim das contas, o que toda mulher quer é agradar ao homem que lhe agrada e para isso não mede esforços, chega ao mais impensável dos cúmulos. Lembro que li em algum lugar Freud dizendo que o ser humano é culturalmente educado para se colocar em posição de sacrifício. Respeito muito (mentira minha!) Freud e suas teorias, mas acho que ele, quando pensou sobre isso, deu nó no cérebro tentando lembrar dos sacrifícios que o homem, o macho, se propõe a fazer por uma mulher, especialmente se o objetivo é casamento. Masoquista por opção, só conheço mulher mesmo.

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