Falhas nas conexões cerebrais
No último dia 08 foi comemorado o dia internacional da mulher. Acho que todo mundo já sabe da história das 129 operárias que morreram queimadas em uma manifestação em uma fábrica de tecidos em Nova Iorque, EUA. Claro que foi uma tragédia. Claro que foi uma conseqüência abominável de uma discriminação. Claro que nessa data a gente pensa, nem que seja um pouquinho, nessas 129 mulheres e no que mudou desde suas mortes até os dias de hoje.
Eu digo que, se analisar friamente, pouca coisa mudou, já que nos é dedicado, e comemoramos!, um dia que representa a inferioridade feminina na sociedade. Inferioridade? Pois é.
A coisa toda vem de muito antes daquele dia 08 de março de 1857. As mulheres são consideradas inferiores desde o tempo de Adão, aquele que tinha a imagem e semelhança de seu criador. E Eva, que foi criada de uma costela de Adão, ou seja, sem identidade diretamente divina, depois de uma conversinha com a Serpente, ainda ajudou-a a induzir Adão a comer a maçã! Sabe aquela história "diga-me com quem andas que direi quem tu és"? Depois, por conta deste deslize de Eva, trataram de manter as mulheres servis e dóceis sob a tutela de seus pais, irmãos ou marido. Ora, mulher boa é a que lava, passa, cozinha, assovia, ...hum... chupa cana, tem filhos e tudoomaisaomesmotempoagora! Mas aí, com o passar dos milênios, lá pelos idos de 1760, com a Revolução Industrial, as moçoilas, além de lavar, passar, cozinhar, assoviar, ...hum... chupar cana e ter filhos tiveram que sair de casa por algumas muitas horas diárias para ajudarem na renda familiar. E a história das 129 operárias que morreram queimadas em Nova Iorque todo mundo já sabe.
Resumidamente estão aí os dois motivos para que essa data exista e persista: uma sociedade machista forjada em preceitos religiosos e no capitalismo desmedido (vide a crise econômica).
Não dá para mudar a História. O que foi feito, feito está. E o que dá para fazer para mudar esse panorama mundial? Talvez começando pela educação de nossos filhos (e filhas também!). Nós, mulheres, mães e educadoras devemos rever os valores que estão passando para as nossas crianças. Talvez seja pouco, não sei. Não sou de ditar modas, nem sou filósofa, nem a pessoa certa para elaborar manuais de ‘como criar o seu filho(a)’, muito menos para ditar condutas para a humanidade, apenas penso que eu não posso fazer parte de uma engrenagem ajudando-a a mover o sistema que contesto. Não sou a favor desse tipo de comemoração. Para mim, não há o que comemorar, há muito o que mudar todos os dias, a começar pela nossa casa.
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