Texto Coletivo
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Férias, s’il vous plaît!
Eram seis fragmentos de colunistas tentando se juntar em meio ao redemoinho e um quebra-cabeça ficando difícil de ser montado. Final de ano – tempinho que urge, em que as horas caminham do mesmo jeitinho, mas cada uma parece nos aproximar mais e mais do fim dos dias. O mesmo tempo que é sempre insuficiente para acabar com o cansaço ou para dar conta de fechar o balanço anual.
Resolveram então dar férias ao Palimpnóia. Nossos leitores não merecem pedaços tão desencontrados de nós – disse a sensibilidade feminina. Reunidos, num esforço coletivo dos neurônios, tentariam fechar o ano do jeito esperançoso e simpático, comum a todos os seres humanos sempre que se vêem às portas de um novo tempo. Uma das vozes sensíveis, propôs:
- Gente, vamos escrever uma carta a Papai Noel? É lugar comum, mas querem coisa mais deliciosa do que voltar a acreditar com força no bom velhinho?
A conversa se generalizou e os desejos surgiram, aos borbotões. Os seis, olhos antes cansados e quase sem brilho, voaram pelas montanhas geladas do europeu Feliz Natal e pairaram esperançosos nas portas do Ano Novo. E o texto de fim de ano do Palimpnóia foi sendo tecido.
Euza, sempre metidona a líder de qualquer coisa, tentou organizar a tempestade cerebral, mas foi interrompida por Jens.
- É a minha vez. Sou eu! - exigiu o bravo e combativo jornalista.
- Então começa, bagual dos pampas!
- Na vida real, aprendi: que me importa a mula manca, se quero a tal de felicidade?
E a conversa correria solta sobre cunhados, cachorros e as belas mulheres da vida não fosse a coxuda da editora dar um basta nas linhas do jornalista e com voz racional pronunciar:
- Afinal o que você deseja, Gaúcho?
- Quero dinheiro e mulher. Ou vice-versa.
"O Jens não vale nada", pensou consigo a deusa Loba. Mas foi a gostosinha da Aline quem fechou seu espaço, dizendo:
- Espera, agora é a minha vez de falar.
Todos se calaram, expectantes.
- Esse ano foi bom para mim. Então, vou pedir a favor do próximo. Quero que todos possam viver com dignidade, e nisso já vem o respeito e muitas coisitas mas embutidas. Sei que é um tanto quanto utópico, mas todos os desejos são meio assim, não? E basta esforço para que saiam desse campo para se realizarem. Ah! Vou fazer um pedido pra mim, sim! Quero paixão! Muito mais do que tive nesse ano! Preciso dessa sensação para levantar da cama todos os 365 dias do(s) ano(s). Sua vez, Zeca. O que desejas?
E assim, a gostosona da Aline passou a bola para o requintado Zeca. E o pobre Zeca que, de requintado não tem nada, coitado!, tremeu nos joelhos ao receber a bola passada pela gostosona da Aline.
- É que, nessa época de tudo a jato, os dias se sucedem e acabo ficando na mão, chupando o dedo, literalmente sem pegar ninguém. Então, caro Noel, faça esse favor pro Zequinha: traga-me um par de coxas sobre pernas bem delineadas que, apoiadas sobre pés delicados, deixe entrever fartas cadeiras (fartas na exata medida do desejo) sustentando um torso bem torneado, com belos relevos como mamões, ou melões (essa onda de mulher fruta!), ampliando um belo colo sobre o qual, elegante pescoço e uma linda cabeça ornada por bela cabeleira cuja cor, na verdade, não importa. Mas os lábios, ah! Os lábios! Precisam ser carnudos e vermelhos, prontos para a paixão revelada pelos olhos de ressaca ou de tesão desbragado.
A Shi, entrevendo uma tal Capitu no desejo do Zeca, tomou a palavra:
- Ah, tem que ter fidelidade: fidelidade ao próximo, ao que se acredita, a si mesmo. Mas não quero saber de paixão não, cansei. Prefiro o sexo, só ele e ele só! De qualquer maneira, o que eu preciso que o bom velhinho me conceda é saúde, pois tendo saúde eu vou ter trabalho, dinheiro e, claro, muito sexo!!!! Só espero que Papai Noel fale português... E tu, Queridácio, já fez a tão famosa "listinha" para o bom velhinho?
- Fi-lo Shi, eis aqui: Papai Noel, caro velhinho, para o Jens traga dez caixas de Viagra, seja mais uma vez bonzinho; ao voraz coração de Aline, triplique a paixão desmedida em pique; dê ao Zeca a mulher pedida, feita a bisturi sob medida; que Shi receba o seu exatamente nas dimensões da sua altura o que lhe couber; a mim, manter o conseguido até agora como fim, para entregar à Loba todos os louros merecidos e os morenos também.
Euza, a editora Loba, retomou a palavra pondo fim à viagem dos outros cinco. Preocupada com o tamanho do texto e com a pouca disponibilidade do leitor, declarou:
-Ah o meu desejo é simples! Quero que em 2009 tenhamos todos - nós, nossas famílias, amigos e leitores – um tanto mais de coragem. Porque tendo coragem, ousaremos mais, mudaremos mais, amaremos mais, seremos mais felizes!
E o texto que pretende ser a presença do seis até o dia 4 de janeiro finalmente ocupa o espaço de direito, terminando assim: Feliz Natal para todos e um grande 2009!!!
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