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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Shi's a lady

Um canto de revolta pelos ares

Uma situação que, durante algum tempo, me intrigou foi o fato de os negros terem permitido por tanto tempo a violência contra os membros da sua população. E não vou usar aqui o termo “raça”, porque raça, pra mim, é a humana, é todo mundo junto no mesmo caldeirão fervente do inferno terrestre. Nem sei se “população” seria o termo mais apropriado, mas foi o que mais rápido me veio à cabeça. Mas voltando ao tema, porque esse povo, tão forte, se deixou escravizar? Hoje eu sei que ele não se deixou: o negro foi escravizado à força, à custa de muita morte, muito sangue, violência, tortura. E dizer que o negro só foi escravizado porque o índio “não deu pra coisa”, é violar ao mesmo tempo duas populações: quem pode se dar o direito de julgar quem serve pra ser escravo ou não?
- Oras, se o índio “não deu pra coisa”, porque não pegaram os wikings, aqueles lorões nórdicos?
O lance, na minha humilde opinião, é, sim, a cor. O preto. Inveja do preto. Porque os negros são visivelmente superiores aos brancos em várias coisas: um vozeirão que - meu Deus! – arrepia os cabelos dos pontos mais desérticos, uma arcada dentária considerável, um talento pra qualquer coisa, um balanço delicioso nas cadeiras.
- Deve ter mais alguma coisa, mas no momento me foge à memória...
Mas até hoje (e de forma quase sempre pouco sutil) o branco teima em associar a cor preta a sujeira, ou à tal “ausência de luz”. Claude Monet provavelmente passava direto por um negro – isso se o visse! O estereótipo é preto feio, velho, pobre, surdo e que mora longe (nada contra o Fausto Wolff, só peguei o título dele, ok?). E bandido. Mas bandido daqueles furrecas, que ninguém em outra parte que não seja o Brasil conhece. Bandido memorável também é bandido branco: o médico britânico (e branco) Harold Shipman matou pelo menos 215 de seus pacientes; O monstro (branco) e colombiano Luis Alfredo Garavito, "o monstro de Gênova", foi considerado culpado por 189 assassinatos; no Equador, Pedro López Monsalve é culpado pelo assassinato e estupro de 60 crianças e é suspeito de 300 assassinatos - e é branco; Nos EUA, Jeffrey Dahmer, um branquelo seboso apelidado "o carniceiro de Milwaukee", cometeu 17 assassinatos entre 1978 e 1991 e reconheceu ter comido a carne de três vítimas; Adolf Hitler, o maior impotente que a história já produziu, mandava matar os negros – mas também matava judeus (que são brancos!!). Ah, sim: aqui no Brasil temos o descorado e descarado casal Nardoni (preciso lembrar quem são? Não, né?) e a leitosinha Suzanne Richthofen, que ajudou o namorado a matar o pai e a mãe a pauladas, e poraí vai.
- Talvez os criminosos negros não sejam celebridades porque não têm o coração e a mentes ruins o suficiente pra fazer as barbaridades de que os brancos são capazes.
Isso aqui pode até parecer um mea culpa, mas nem se enganem, não é: eu nunca falo em nome da Humanidade, ela que se vire sozinha. A verdade é que o mundo seria melhor se fosse negro. Total, sem uma manchinha branca sequer. Ou melhor, só uma: eu!

midi: canto das três raças - clara nunes

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