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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Foi mais ou menos assim

Sou o que sou ou o que aparento?

Eu sou uma glândula sudorípara na origem, mas muito mais nobre, será que sou? Vejamos, a verdadeira glândula do suor elimina este dito cujo que é composto de água, o “sal de cozinha” e restos de uréia, mas não chega a ser urina- quase. São muitos milhões de glândulas espalhadas pelo corpo. Elas ajudam a refrescar a pele, pois o suor eliminado para evaporar rouba calor e faz baixar a temperatura cutânea. A produção intensa de calor no corpo principalmente quando dos exercícios físicos tem o valioso auxílio delas para sua dissipação. E só os mamíferos foram agraciados com as “maquinitas”; engraçado, quando o indivíduo fica nervoso, principalmente quando a ânsia está junto haja sudorese e ainda se sabe de pessoas que apresentam distúrbios num sistema nervoso especial chamado simpático que obriga a suar demasiadamente nas axilas, nas mãos e nos pés, chegando ao ponto de terem imensa dificuldade de segurar objetos ou imagine-os digitando e pingando gotas no teclado. O cheiro de sovaco, aquela incrível catinga de certas axilas é o resultado da digestão dos resíduos do suor por bactérias – verdade, é como se fosse a caca delas - para ser gentil- porque o suor mesmo não cheiro. E o chulé? É a mesma coisa com o beneplácito do sapato, bota ou tênis. Pé no chão ou na sandália não dá. Uma curiosidade sobre os mamíferos, o cão tem poucas glândulas sudoríparas, mas não sua pela boca por ela perde o líquido necessário, principalmente água, resultante de suas reações bioquímicas com as suas correrias. Como disse lá em cima, sou uma glândula sudorípara na origem, porém modificada de tal maneira que, em vez de suor, boto para fora nas horas solicitadas algo muito mais rico, mais nobre, mais substancial, o leite. Quem diria, quem pode achar que seja verdade? Mas é! Sou dupla na raça humana e entre os primatas, nas cabras, nas éguas; muitas vezes surjo na mulher, em maior número, duas normais e geralmente arremedos que tentam imitar os vários pares comuns em mamíferos quadrúpedes; trata-se de um atavismo que é uma cacetada na pobre criatura Hoje tem jeito removê-las com a cirurgia plástica e antes? Nem poderia a proprietária exibir-se num circo de horrores. Mas como mama não sou exclusiva das fêmeas, todo macho também me exibe, atrofiada, com um mamilo débil e uma aréola mais ou menos- leite nem pensar- falta o tecido glandular e os hormônios para atiçá-lo. Mas alguns machos me usam como elemento de prazer sexual. No entanto nas mulheres atingi o máximo da glória. Com volumes e formatos variados orno seus tórax ao par tornando-as esbeltas, elegantes, apetecíveis, cobiçadas e atraentes. Houve um tempo que era mantida um tanto escondida pela vestimenta, mas com uma forte sugestão erótica ao ser levantada um tanto oferecida por espartilhos feitos de barbatanas de baleias. Nos países do Oriente sempre vivi oculta sob roupas, na Grécia e Roma era exibida sob roupas leves e semitransparentes. Na época das trevas, na Idade Média nem nas relações amorosas era vista, apalpada, beijada ou chupada – só pelos filhos e olhe lá. Entre os povos das florestas em qualquer latitude os machos nem sabem deste alto valor; paciência! Portanto a mulher moderna sabe muito bem do meu valor, não falo no aleitamento, que o mundo se criou graças a ele. Falo mesmo do alto valor como moeda de troca nas transas caprichadas em que sou buscada pelo homem e oferecida pela minha proprietária sem meias palavras, usada e abusada, em qualquer credo, um deleite para olhos gulosos, um bom bocado para bocas gulosas, sem nenhuma distração, um passeio para dedos espertos e nervosos. Há até algo mais lascivo, mas um pouco ruborizada prefiro me remeter à minha vida nas praias, as dos nudistas em que sou oferecida ao suave toque dos ventos, aos beijos marotos dos raios de sol, à grudação à milanesa dos grãos de areia e ao desmanche destas sensações pelos seus sequestro na água do mar. Parece-me que nem procurada pelo olhares desatentos dos se fêmeas da ocasião. E logo ali detrás da montanha numa praia infindável, tem de tudo, desde os vendedores de iguarias aos que ofertam serviços ou quinquilharias e eu, montada em lindos e formosos tórax (as feias que me perdoem). Aqueles, a faturar olham de soslaio, mulheres e homens, estes do meu interesse me fitam, eles indecorosamente, que bom, adoro. Fico excitada às vezes, perdoem meu mamilo, é ele, este pequeno altar dos deuses. Mas uma coisa me encuca, ele é centenas ou até milhares de vezes menor que meu volume, posso ser mostrada até perto dele, raspando, pode até aparecer uma beiradinha, rosada ou marronzinha clara, mas o mamilo não pode.O mamilo é lindinho, delicado, mimosinho, no entanto nestas idílicas extensões de areia tem que ser coberto, não recebendo a luz do sol, o lamber da aragem, nem parecer um biscoitinho crocante com alguns felizardos grãozinhos de areia. Lanço daqui o mais veemente protesto pela discriminação, quero lutar pela descriminação (Porque acham que é atentado ao pudor?), quero a liberdade de poder ter minha nobre eminência, tão bem elaborada, tão sensível, exposta da mesma forma que toda eu, com ou sem silicone, sejam quais forem os formatos e volumes, cor, mesmo com algumas estrias, mas se eu estiver arriada, meio muxiba, mande me prender dentro de um sutiã inteirão com um cadeadozinho no seu fecho até ser visitada por um cirurgião plástico.

Dácio Jaegger 13/01/2009

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