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Trivialmente

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Trivialmente

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SOLIDÃO


É comum confundirmos estar só com solidão.




A solidão provoca infelicidade, desajuste, sentimento de não pertencer ao que nos rodeia. E isso é agravado com a comparação. Se, por exemplo, um rapaz do interior se muda para a capital e compara seu sotaque e seus modos simples com os outros rapazes, acabará se sentindo deslocado e fora do seu ambiente, não pertencente àquele local. Sentirá na pele a solidão dos diferentes, dos desajustados, e sofrerá sozinho por tudo isso. Ele precisará aprender a cuidar de si mesmo, a encontrar o que, para ele, faz sentido. Ou partirá para o vale tudo, fazendo qualquer coisa para ajustar-se, para incluir-se. Poderá fazer qualquer coisa para evitar sentir-se só, como deixar de lado seus conceitos de certo e errado, sua integridade, consciência e intelecto apenas para fazer parte do grupo, para evitar a rejeição.

Estar só consigo mesmo pode trazer melhor conhecimento e compreensão da própria vida e daquilo que nos faz mais felizes. Independente do nosso estilo de vida e do nosso envolvimento com quem nos rodeia, existe uma parte de nós que é independente e totalmente separada dos outros. Existem muitas coisas que nos fazem mais felizes e que não precisam, necessariamente, de outras pessoas à nossa volta. Eu, por exemplo, me sinto muito bem quando posso ficar sozinho em casa, ouvindo uma boa musica e lendo um bom livro. Ou mesmo vendo um filme especial. São coisas simples e que posso fazer sozinho, sem me preocupar com outras pessoas.

Em atividades simples como uma caminhada matinal, por exemplo, existem aqueles que preferem faze-la na companhia de uma ou mais pessoas. E existe quem prefira caminhar sozinho. Aqueles, vão conversando, distraindo-se uns com os outros, sem ver o mundo que os cerca. Geralmente são pessoas que não suportam fazer nada sozinhas, perdendo, assim, um dos prazeres de uma caminhada que é o sentimento de comunhão com a natureza. Quem caminha sozinho, pode observar as flores do caminho, as árvores e a brisa que acaricia o rosto, enquanto percebe as reações do seu corpo ao exercício físico. E enquanto isso, estar em contato com sua individualidade, aprendendo a conhecer-se melhor. E também aprendendo a ouvir os sons da natureza, o que ela tem a dizer, a ensinar.

Estar em companhia de outras pessoas não significa, necessariamente, comunhão. Pode ser uma forma terrível de solidão, como um artifício para evitar o contato consigo mesmo. É possível sentir solidão durante uma festa. Ou com amigos, colegas de trabalho e até mesmo em casa, com a própria família. Se não estivermos bem conosco, se não estivermos em paz, poderemos ser atacados pela solidão, pois nossa auto estima estará fragilizada pela falta de contato com nosso interior.

E se estivermos em paz, jamais estaremos solitários, mesmo quando estivermos sós.

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